História das Colônias

A Colônia

História da Capatazia Z1 - São Bernardo do Campo

 

O início da Capatazia Z1 em São Bernardo do Campo deu-se quando no mês de Fevereiro de 2008 Gisele Gava estava pescado com o seu Pai Orlando e a Polícia Ambiental abordo-os. Gisele estava no motor, porém não tinha a Carteira de Pesca e muito menos a CIR (Carteira de Inscrição e Registro). os dois foram levados para a base do Riacho Grande, ficaram detidos a apreenderam o motor e o barco. Foi ai que começou a correria pois, em São Bernardo do Campo, não tinha ninguém que fizesse serviço de liberação do barco e motor apreendidos. devido a esse acontecimento foram para Santos duas vezes seguidas na Capitânia dos Portos e que com muita luta conseguimos a autorização para retirada do barco e do motor que estavam apreendidos a 26 dias na base da Polícia Ambiental, localizada no centro de São Bernardo. Quando foram retirar o motor e o barco, foram questionados como levariam o barco e o motor, disseram que seria de carro, um Golf, foram satirizados (gargalhadas). Gisele ficou indignada, "Para esses Policiais parece que não temos direito de ter carro, como se pescador tivesse que ir de carrinho de mão". Como mulheres fortes e guerreiras continuaram na luta. Foram para Santos regularizar as carteirinhas de toda a familia e Gisele "a pescadora ilegal" também tiraria o NIT (Número de Inscrição do Trabalhador), no INSS, o funcionário questionou o porque da Inscrição, ela respondeu que era para Pescar, o funcionário perguntou se ela pescava, e deu uma risadinha sem graça, Gisele ficou furiosa e perguntou se ela deveria estar fedendo a peixe e com a calça na canela para ser pescadora?. As carteiras de toda a família era da Colônia Z1 - Santos. Uma luta para renovar e fazer toda a documentação dos barcos. Quando Surgia alguém que fazia o serviço cobrava um preço absurdo. O Senhor Tsuneo Okida - presidente da Colônia questionou a Vanderléa se queriam tornar-se CAPATAZIA da Colônia, tornaria a vida dos pescadores de São Bernardo e Região mais fácil. Pensando em ajudar os pescadores com os documentos, intermediar o pescador junto a Colônia em Santos, de uma forma que todos ficassem regularizados e sem tantos problemas, aceitaram o desafio e começaram a se organizarem. Montaram o escritório no quarto do filho da Vanderléa , quem fosse ao escritório tinha que sentar na cama, o quarto era muito pequeno e não cabia cadeira, usavam o computador, impressora mesa e cadeira tudo dele. O primeiro passo do Trabalho foi saber quantos pescadores tinha na redondeza, saíram de casa em casa fazendo o cadastramento , muitos ficaram desconfiados e não queriam mostrar as carteirinhas. O tempo foi passando, e todos acompanhando o trabalho, verificando que era sério e que estavam dispostas a ajudá-los. O trabalho foi crescendo e passaram a usar a sala da casa e mais tarde mudamos para o atual espaço. Uma das coisas que motivou essas mulheres foi a de tornarem reconhecidos os pescadores como trabalhadores em São Bernardo, pois sofriam muito com preconceitos e desejavam mostrar para todas as pessoas  que existem pescadores que vivem da pesca em São Bernardo e desejam que seus direitos sejam recohecidos.

 
 
 

História das colônias de pescadores

Em 1818 na Enseada das Garoupas no Estado de Santa Cataraina foi fundada a primeira Colônia de Pescadores do Brasil denominada Nova Ericéia. Era administrada pela Marinha Portuguesa, na ocasião em que o Brasil era Reino Unido a Portugal. A família real portuguesa estava no Brasil e D. João VI reinava. Muitos anos se passaram até que o governo voltasse suas atenções para a pesca. Foi somente por volta de 1918, cem anos após a fundação da primeira colônia, que o cruzador José Bonifácio, sob o comando do oficial da Marinha de Guerra, comandante Frederico Villar, iniciou uma viagem pela costa do Brasil e em cada local que aportava a tripulação, composta inclusive de médicos e dentistas, atendia a população caiçara e promovia registro e criação de Colônias de Pescadores com a finalidade de representar e defender direitos e interesses de seus associados.

A missão do comandante Villar era a implantação do Programa Nacional de Pesca e Saneamento do litoral que tinha as seguintes preocupações básicas: acabar com as doenças que afligiam a população caiçara, o analfabetismo, a formação dos quadros do pessoal da Marinha de Guerra, a eliminação da exploração dos pescadores em decorrência da ação intermediária e servir de ponto de apoio para as ações do governo junto aos pescadores. Fruto da missão do comandante Frederico Villar hoje existem 850 colônias de pescadores, 26 Federações Estaduais e uma Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores, representando mais de 1 milhão de pescadores artesanais. As suas atividades foram regulamentadas através das Portarias no 471 de 26/12/1973 e Portaria no 323 de 3/6/1975, ambas do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Atualmente, após muitos anos de espera com a aprovação do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, o Governo Federal sancionou em 3/5/2008 o decreto lei no 11.699, transformando as colônias em sindicatos rurais, conforme parágrafo único do artigo 8o da Constituição Federal.

Hoje, a Federação dos Pescadores do Estado de São Paulo –FEPESP abrange 22 colônias de pescadores, 12 no litoral e 10 em águas continentais, algumas com mais de 80 anos de existência, representando mais de 30 mil pescadores artesanais. É de sua competência representar e defender direitos e interesses dos pescadores artesanais como requerer licenças de pesca, registros de embarcações, aposentadorias rurais, auxílio-natalidade, entre outras atribuições.


O Presidente


Tsuneo Okida, presidente da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo-FEPESP, teve sua vida ligada à pesca artesanal desde a infância. Nascido em Santos, em 1933, aprendeu com o pai Sadami e o avô Senjiro, as artes de pesca trazidas do Japão. A família, que chegou para trabalhar na lavoura do café em 1912, logo se cansou da dura rotina da fazenda e procurou o mar, onde Sadami Okida, pai de Tsuneo, e o avô Senjiro reencontraram sua profissão original: pescador. A família se instalou em Santos, no litoral sul de Paulo, onde ele reencontrou o cheiro da maresia de Kussuna, sua pequena vila de pescadores no Japão. Sadami foi um dos primeiros a pescar camarão-sete-barbas com rede de arrasto, de forma comercial. Mas foi numa viagem à praia de Picinguaba, em Ubatuba, que em 1935 Sadami pescou seu maior peixe: um hidroavião que estava à deriva sob fortes ventos. Numa embarcação de 9 metros, com motor de 10 hp, Sadami lançou um cabo e rebocou o aparelho, salvando o comandante da Primeira Divisão de Patrulha Aérea da Formação da Aviação Naval, Hugo da Cunha Machado. Sua coragem foi recompensada com uma medalha de prata.

De pescador artesanal na adolescência, Tsuneo Okida se tornou armador, de 1974 a 1992 e presidente da Cooperativa de Pesca Atlântica de Santos de 1980 a 1992. Sua história de vida se confunde com a história da pesca em Santos, e esta vivência é um forte subsídio para conduzir a Federação dos Pescadores do Estado de São Paulo.